O meu testamento e meu testemunho... a quem mais possa interessar!!!
Me recolho à insignificância dos meus pensamentos.
Este é meu ponto de inflexão e reflexão. Estou escrevendo na
expectativa de que estes escritos fiquem apenas comigo mesmo, e com os milhares
de demônios que me acossam todo santo dia, questionando e desafiando minha mais
singela humanidade.
Tentando, com olhar tranquilo e distante, entender o que se
passa no mundo atual, muitas questões, duvidas, perguntas e falta de respostas
nos acoitam em momentos em que a insônia nos persegue até os limiares dos
nossos sonos e sonhos tumultuados.
A realidade, nos parece cada vez mais gelatinosa,
inconsistente, colocando em cheque muitas de nossas crenças e convicções. Uma
massa de conteúdos fluidos, disformes falam mais alto no silencio da noite,
calando fundo em nossas almas e calando nossa voz no mundo dos homens.
Lembro-me quando, em passado recente, encontrávamos em
familia, para as festas tradicionais, (aniversários, natais, fins-de-ano), e
apesar das diferenças sentíamos a presença e o aconchego de pessoas em quem
confiávamos, mantendo, é claro um respeito e uma distância que nossa
individualidade se nos impunha.
Tudo foi mudando. Os sinais mais claro destas mudanças, notei
na combinação de dois elementos cruciais e determinantes na sociedade
política/digital: a política e as redes sociais.
Eu havia entendido então, que como regra implícita, nossas
opiniões, compartilhamentos, curtidas nas redes sociais seriam apenas parte de
um jogo de cena que nunca afetaria as consolidadas relações familiares.
Percebíamos uma enorme ansiedade das pessoas em se posicionar
com seus perfis públicos, em atitudes de autoafirmação, tentando conseguir
compartilhamentos, curtidas, seguidores, amigos etc., que quebrassem um pouco
de sua miserável solidão.
Um dia fui advertido por um parente por uma opinião postada
no meu perfil público no Facebook. Aquela regra implícita se quebrava ali.
Recuei num primeiro momento, em declínio à autoridade moral e
intelectual do meu crítico, mas depois parti para uma atitude de confronto com
o mesmo e que outros que pensassem da mesma forma. Afinal o perfil era meu e eu
tinha todo o direito dar também meus pitacos. Críticas de estranhos não nos
incomodam tanto, já que podemos retrucar à altura e mesmo descartar com um
clique o chato de galocha. Já com parentes de maior ascendência a coisa é
diferente.
Fui anexando à revelia pessoas de todas as partes do mundo chegando
a ter mais de 50 mil amigos. Vi coisa terríveis, como agressões reais de
mulheres, velhos e crianças, decapitações, imagens de estupradores com mãos
amputadas, mas a imagem mais chocante foi, quando, ao abrir uma madrugada o
Facebook me deparei com um video de uma pessoa assassinando e filmando crianças
de berço, talvez em algum asilo. Só dava
para ver a mão e as crianças sendo estranguladas e algumas já mortas.
Perplexo, sem saber o que fazer desconectei o video, na vã
esperança de impedir um crime. Fique por muito tempo com aquelas cenas na
memória, tentando me convencer que, talvez, aquelas fossem cenas de um filme de
terror, (e talvez até fossem mesmo).
Cheguei a fazer algumas denúncias ao Facebook, mas algum
administrador me respondia que aqueles vídeos não ofendiam os códigos de
conduta da rede. Era para que os agressores fossem mais facilmente
identificados.
Dentro daquela luta política esganiçada que se formou nas
redes eu comecei a entrar em páginas de esquerda e provocar as pessoas.
O Facebook me puniu, bloqueando meu perfil, com alegação de
que eu infringira seus códigos de conduta e que se eu não concordasse poderia
recorrer.
Aconteceu um fato interessante. Num primeiro momento em que
meu perfil foi bloqueado perdi acesso a várias páginas que eu mantinha a mais
de 10 anos como as do meu trabalho de eletronica, de escritor e outras. Aquilo
me irritou demais.
Num segundo momento, senti uma paz enorme ao me ver livre
daqueles embates diários. Preferi a partir daí montar outra pagina, agora mais
restrita e discreta e investir em outras redes sociais.
Tudo mudou para mim para melhor e é neste escritório quase
secreto que vou passar a deixar minhas opiniões mais sinceras e honestas, sem
preocupações de conseguir cliques, claques e seguidores.
João Drummond
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